segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cadê a química?

Depois de um longo e tenebroso inverno (e verão), cá estou eu de volta ao blog. Peço desculpa se alguém sentiu-se menosprezado, mas por motivos de força maior, não consegui atualizar o blog. Mesmo porque escrevo em um site de uma revista (www.eyoga.com.br) e todos minhas forças estavam voltadas para isso. Mas agora retornei das profundezas para postar novamente. E para minha triunfante volta nada melhor do que falar sobre o novo filme do Arquivo X – Eu quero acreditar. (Se você não viu o filme ainda e não quer saber o que acontece, não leia).

Quando resolvi que ia escrever sobre o filme, fiquei na dúvida se deveria escrever como uma crítica de algum jornal ou dar minha opinião sincera de fã. Como eu não escrevo para a Folha de São Paulo, resolvi que deveria fazer uma crítica do meu ponto de vista.
Antes de o filme estrear, procurei saber algumas coisas, pois estava curiosíssima. Inclusive, li algumas críticas que estraçalhavam o longa de uma das séries mais cultuadas. Pensei: “Isso é coisa de crítico mal-amado”. Bom, sábado à tarde, quase morrendo de ansiedade, lá fui eu para o cinema. O filme começou e eu arrepiei logo no começo quando aqueles acordes da famosa música começaram a tocar. Quando surgiu na tela uma mulher ruiva conversando com alguns médicos, vibrei, assim como quando ela falou com um homem trancado em uma sala recortando matérias de jornais. Pensei que o filme poderia ser bom e que os críticos estavam errados. Enganei-me.

O filme terminou e eu estava decepcionada. Não consegui senti toda aquela emoção que senti no primeiro e senti em muitos episódios da série. A mulher sentada atrás de mim disse que deveria ter ido assistir ao Batman. Se todas as pessoas que virem Arquivo X pensarem dessa maneira, o longa não vai conseguir pagar suas despesas, muito menos arrecadar bilheteria suficiente para uma possível continuação (o que David Duchovny já disse que não deve acontecer). Por que eu fiquei decepcionada? Porque não consegui encontrar Mulder e Scully na história. Porque não consegui encontrar enredo no roteiro. Porque não consegui encontrar o Arquivo X no filme. O filme é uma história qualquer sobre um casal que não concorda com as coisas, onde um é medico e o outro decide resolver um caso de seqüestros. Nesse meio tempo, eles brigam porque ela não quer que ele se arrisque por causa disso. E no fim, tudo dá certo. Nem a aparição de Skinner conseguiu me deixar feliz. Se esse filme foi uma despedida, que maneira mais terrível de dizer adeus.

Eu havia ficado decepcionada com o final da série. Achei, naquela época, que Chris Carter jogou a chance da vida dele de fazer o melhor final de seriado de todos os tempos, já que ele tinha todos os ingredientes para isso. Imaginei que com esse filme, ele ia se redimir com os fãs e que não erraria de novo. Enganei-me mais uma vez. Ele foi capaz de cometer o mesmo erro. Jogar uma oportunidade de fazer um super filme no ralo. Mas vocês devem estar curiosos do por que eu não ter gostado do filme. Deixe-me corrigir. Eu gostei do filme, mas não amei, não como deveria amar como fã. Gostei de ter visto David e Gillian novamente juntos, já que, para mim, eles são au concour. Gostei de ter visto Mulder e Scully como casal, apesar de não ter gostado da maneira como Chris Carter abordou o fato. Mas achei que faltaram elementos essenciais da série no cinema. Em primeiro lugar, a história é meio pé sem cabeça e poderia ser resolvida por qualquer agente do FBI (até o Numbers já abordou o assunto de videntes). Não havia nada de sobrenatural e isso quer dizer que não era o Arquivo X. Em segundo, senti falta do Mulder e a Scully trabalhando juntos. Por mais que David tenha dito que eles estão em outra fase da vida e mudaram, não consigo imaginar a resolução de casos sem os dois juntos. Os episódios da série em que eles trabalhavam separados eram os que menos gostava. Mas o que mais senti falta foi a química entre os dois. Aquela química que quando um olhava para o outro, eles sabiam o que estavam pensando. Aquela química que colocava à prova qualquer diferença de opinião. Aquela química característica que poucos personagens de televisão têm. Eles ainda têm química, mas não consegui sentir aquela sensação forte de conexão entre os dois. E não é porque eles são um casal. Porque eles poderiam continuar tendo química mesmo dormindo juntos.

A minha teoria é que o Chris Carter ficou tão preocupado em fazê-los ficar juntos que a história acabou se tornando um melodrama sem graça, nada parecido com o que era o relacionamento dos dois, e esqueceu de focar no principal: a história. Ele quis tanto fazer um filme pra todos que não agradou ninguém: nem leigos nem fãs. Nós, shippers, queremos ver Mulder e Scully juntos. Mas juntos de verdade, com paixão. E continuando a ser Mulder e Scully. Se fosse pra fazer um romance, a Nora Ephron é mais indicada para isso. Pois é, depois de ter visto o filme, eu continuo querendo acreditar.