quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sempre elas

Meu primeiro texto nesse blog foi sobre preconceito e hoje voltarei ao tema por causa de um episódio revoltante que aconteceu essa semana em uma das séries que eu sigo ultimamente.

Apesar de todos os protestos que as feministas fizeram na década de 60,a queima de sutiãs e calcinhas não surtiu tanto efeito quanto esperado. As mulheres ainda são muito menos valorizadas do que os homens, inclusive no mundo do entretenimento. Se você não for a Julia Roberts ou a Cameron Diaz, você é descartável. É só olhar para os casos das atrizes que trabalham em TV que você descobre o porque de eu estar filosofando sobre esse tema.
Dizem que a briga entre David Duchovny e Gillian Anderson em Arquivo X era a diferença de salário, já que ele ganhava muito mais. Jorja Fox foi mandada embora de CSI quando pediu aumento. Citando casos mais recentes, Jennifer Morrison foi tirada do House, deixando a sem-graça da Thirteen que podia sumir da série e ninguém iria notar (foi um dos motivos de eu ter deixado de ver House). E agora, essa semana, a CBS resolveu cortar do elenco de Criminal Minds as duas atrizes principais: A.J. Cook e Paget Brewster. A explicação foi a mesma dada pelos produtores do House: decisões criativas. Quais? Ninguém conseguiu descobrir ainda. Mas ao que parece foi apenas mais uma desculpa para descontar no elenco feminino das séries o corte de verbas. A.J. Cook que interpreta Jennifer Jareau, a J.J, e estava na série desde o primeiro episódio, foi demitida do show e deve ser substituída por outra, provavelmente mais barata e sem nenhuma presença para ninguém sentir falta quando for substituída de novo. Paget Brewster (que faz a agente Emily Prentiss e que tem em seu currículo séries como Friends e Huff) está sendo “convencida a ficar” por apenas alguns episódios. E a audiência perde mais duas personagens fortes na televisão.
Uma emissora que paga um milhão e qualquer coisa de dólares por episódio para Charlie Sheen, não precisa cortar despesas em CM, também uma das séries mais vistas pelos telespectadores dos EUA. Por que Charlie Sheen vale um milhão e as duas não valem nada? Se Charlie Sheen fizesse Two and a Half Men sozinho, a série não seria nada. Pois quem segura o show são os coadjuvantes. Parece que para conseguir alguma coisa nesse mundo precisa aparecer em escândalos toda semana. Apesar do carisma e do talento, Brewster e Cook são exemplos de atrizes que sofrem com o machismo que ainda impera no século XXI (nenhum dos atores da série teve o cargo ameaçado). Mesmo sendo amadas pelos telespectadores. Mesmo fazendo parte de um elenco tão integrado e com tanta química que chega até a lembrar o de Friends. Mas ao contrário da série de comédia, o elenco de Criminal Minds não é tão unido assim a ponto de fazer um pacto (será que se o elenco de Friends não tivesse feito o acordo de negociar sempre juntos, a NBC teria cortado Jennifer Aniston, Courtney Cox ou Lisa Kudrow?).
Os fãs estão fazendo protestos (bem maiores do que os fãs de House, que por causa da briga House-Cameron x House-Cuddy fez com que os poucos fãs que se revelaram contra fossem ridicularizados até pela produção do show) no twitter, abaixo-assinados e até deixando milhares de recados para os executivos da CBS. Mas eu duvido que algo mude, pois se existe uma coisa que eu aprendi depois de anos vendo TV americana é que fã não vale nada. Não existe respeito nenhum pelos telespectadores, que têm que se acostumar com um novo personagem ou com uma mudança de rumo da série sem saber o motivo dessa decisão. O que interessa para eles é dinheiro. Fã sempre foi considerado louco e radical e quem é que vai dar atenção a alguém assim, certo? O que eles não conseguem enxergar é que quem traz dinheiro para as séries são os fãs.
Vocês podem achar que a televisão brasileira é um lixo e que as novelas não chegam aos pés das séries americanas. Mas, pelo menos, a TV brasileira escuta é o público. Glória Perez mudou a trama de Caminhos das Índias, deixando Maya com Raj no final da novela e não como Bahuan, como tinha programado, porque o público pediu. Porque o que traz patrocinador é audiência. E não se tem audiência sem telespectador fiel. Coisa que as séries americanas vão ficar sem se continuarem a fazer o telespectador de imbecil como eles têm feito. Ou talvez o público americano seja mais passivo que o brasileiro e não pare de assistir aos programas porque o personagem de que gostava saiu. Eu paro. Espero que vocês também.

2 comentários:

Aragão disse...

Oi Thays
Que boa a sua iniciativa da sua volta.
Analisei suas colocações e em meu mapa de mundo observei de uma forma diferente.
Reconheço que de forma geral as mulheres ainda ganham menos que os homens embora essa diferença esta diminuindo cada vez mais.
E o que ocorre com os estudios é mera negociação. Eles estao segurando de uma forma coerente os salarios para evitar superinflacao como na epoca de Friends. Os produtores são mais pressionados a seguirem um planejamento financeiro assim como em qualquer outra empresa. Se um ator ou atriz quer mais, os estudios partes para a meritocracia, dai se justifica o salario de Charlie Sheen, cuja serie tem uma produção barata, com elenco bem reduzido e com poucas locaçoes externas, sem falar que é a serie com uma das maiores audiencias nos USA.
Series como CM tem custo de episodios muito elevados e ate por isso eles usam varios protagonistas, assim se um der trabalho, adeus.
São enfim, os fins justificando os meios.
Bjao.
Tiago Madson

Thays Biasetti disse...

Madson
Concordo com o q vc disse, não havia pensando dessa maneira.
O que acontece é que nenhuma das duas dá trabalho...